segunda-feira, 12 de abril de 2010

Quem beneficia com a crise alimentar ?

Em 2007 surgia uma crise financeira mundial devido à especulação imobiliária, os investidores procuraram então valores mais seguros como o petróleo ou os produtos agricolas. No início de 2008 a crise alimentar, dava-se a subida brusca do preço dos alimentos. Os grandes beneficiários foram as multinacionais agroalimentares.









A crise alimentar mundial beneficia as grandes multinacionais que monopolizam toda a cadeia da produção, da transformação e da distribuição dos alimentos. Por isso, não é de estranhar que os lucros das principais multinacionais das sementes, dos adubos, da transformação e da comercialização da alimentação não parem de crescer.






Em 2007, as principais empresas de sementes, Monsanto e DuPont, viram os seus lucros aumentarem 44% e 19% respectivamente, em relação ao ano anterior. No mesmo período, as maiores empresas de adubo, Potash Corp., Yara e Sinochem, tiveram um aumento dos seus lucros de 72%, 44% e 95% respectivamente. A principal cadeia de supermercados britânica teve um aumento dos seus lucros de 12,3% e a Safeway nos Estados Unidos de 15,7%.


No caso da distribuição, a chave destas multinacionais para obter lucros importantes é vender uma grande quantidade de produtos com margens de lucro muito baixas provenientes directamente do produtor. Temos assistido nos últinos anos a uma grande concentração de empresas da cadeia alimentar o que permite a sua monopolização.





Monopólios da alimentação.



As 10 maiores empresas de sementes (Monsanto, Dupont, Syngenta, Bayer,...) controlam 50% das vendas mundiais. Este sector representa 21 mil milhões de Dólares anuais. 82% do mercado mundial das sementes são patenteadas, representando assim monopólios exclusivos da propriedade intelectual.


A indústria das sementes está intimamente ligada à dos pesticidas. E as empresas produtoras de sementes também dominam estas últimas. No sector dos pesticidas a monopolização ainda é mais pronunciada, as 10 maiores empresas de pesticidas controlam 84% do mercado mundial. O maior produtor de sementes, Monsanto, assinou vários protocolos de pesquisa e desenvolvimento com a BASF, o maior produtor de produtos químicos e de pesticidas.


Na distribuição, as 10 maiores empresas controlam mais de 50% do mercado. Na Suécia 3 empresas controlam 95% do mercado. Estes monopólios permitem determinar o que consumimos, a que preço, de que origem, etc. A maior distribuidora do mundo é americana Wal-Mart; o seu volume de vendas está à frente dos gigantes do petróleo (Exxon Mobile, Shell, British Petroleum) e à frente da indústria automóvel (Toyota). Esta concentração na distribuição têm um impacto negativo sobre todos os actores da cadeia alimentar: camponeses, fornecedores, consumidores.


Cumplicidade política e institucional.



Este conjunto de multinacionais controlam toda a cadeia alimentar e beneficiam do apoio explicito das elites políticas e das instituições internacionais que previligiam os lucros dessas empresas em detrimento das necessidades alimentares da população e do respeito pelo ambiente. Estas realizam lucros enormes graças a um modelo agro-industrial liberalizado e desregulamentado.


As instituições internacionais, como o Banco Mundial, a OMC, o FMI, a FAO, dizem que a crise alimentar se deve à insuficiente produção alimentar para cobrir o aumento da população.



Na realidade, hoje em dia o problema principal não é a falta de alimento mas a impossibilidade de o obter. A produção mundial de cereais triplicou desde os anos de 1960, enquanto que a população mundial apenas duplicou. Nunca em toda a história da humanidade se produziu tantos alimentos. Mas para milhões de pessoas no hemisfério sul, as despesas com a alimentação representam 50% a 60% do rendimento (e até 80% em certos países mais pobres), no hemisfério norte essas despesas representam apenas 10% a 20%.








Tradução de extractos de "Les contradictions du système alimentaire mondial" de Esther Vivas.

http://orta.dynalias.org/inprecor/article-inprecor?id=860

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